SIETE POEMAS DE DENISE EMMER TRADUCIDOS POR A. P. ALENCART

 

 

 

1 La poeta y cantante Denise Emmer

La poeta y cantante Denise Emmer

 

 

Crear en Salamanca tiene el privilegio de publicar, en exclusiva, siete poemas de Denise Emmer,  traducidos especialmente por el poeta peruano-español A. P. Alencart. Emmer es poeta, compositora, cantante, violonchelista y narradora brasileña, nacida en Río de Janeiro el año 1958. Por sus obras poéticas ella ha recibido, entre otros, los siguientes premios: Premio Guararapes de Poesía (UBE,1987);Premio Unión Brasileña de Escritores (UBE, mejor autor joven, 1988); Premio Nacional de Literatura del Pen-Club do Brasil – poesía – 1990, Premio Luiza Cláudio de Souza); Premio Asociación Paulista de Críticos de Arte – poesía (APCA, 1990); Prêmio Olavo Bilac – poesía, da Academia Brasileña de Letras, 1991); Premio José Martí – UNESCO – Literatura (conjunto de Obra – 1994);Premio Cecília Meireles – poesía (UBE, 2008) y Premio Academia Brasileña de Letras de Poesía, 2009.

 

 

 

 

2

 

 

 

 

O SILÊNCIO DO AMOR

 

 

Tenho em mim muitas palavras que não me dissestes ainda

Porquanto espero em vida as frases por ti guardadas

 

São sílabas sussurradas de páginas inventadas

Pois que se eu invento enredos é porque não me dizes nada

 

E foi enquanto me amavas a caravela piava

E uma aurora cantava versões de vozes ventadas

 

E outras mais que escutava os surdos da madrugada

Só tu não dizias nada e nada me perguntavas

 

Na hora em que me beijavas teus olhos por onde andavam?

Teus pensamentos e sonhos em que vagões viajavam?

 

– Se amou sem qualquer palavra é porque em mim não morava

Mas em furtivas ilhargas, deserto de sua lavra.

 

 

 

EL SILENCIO DEL AMOR

 

 

Tengo en mí muchas palabras que no me dijiste todavía

Toda vez que espero en vida las frases que guardaste

 

Son sílabas susurradas de páginas imaginadas

Pues si yo imagino tramas es porque no me dices nada

 

Y mientras me amabas la carabela piaba

Y una aurora cantaba versiones de voces venteadas

 

Y otras más que escuchaban los sordos de la madrugada

Solo tú no decías nada y nada me preguntabas

 

¿En la hora en que me besabas tus ojos por dónde andaban?

¿Tus pensamientos y sueños en qué vagones viajaban?

 

– Si amó sin palabra alguna es porque en mí no vivía

Salvo en furtivos márgenes, desierto de su labrantío.

 

 

 

3

 

 

 

 

DA NATUREZA

 

 

Para e escuta o som dos edifícios

Que na calada hermética da noite

 

Sobem sem gritos sem alardes falsos

Mas devagar avançam nos vazios

 

Não como crescem os vegetais marinhos

Nem as aéreas formas naturais

 

Estas não crescem mais nem arremessam

A circunspecta flor dos arvoredos

 

Mira, contudo, a mínima riqueza

A que nos sobra entre os beirais do mundo

 

Depois então contempla o céu de chumbo

Que estremece e cospe natureza

 

Atenta para os muros decididos

Que sobem hirtos na precisão urgente

 

Atenta para a vida simplesmente

Encontrarás partidos os caminhos

 

Encontrarás desfeitos os recantos

E diluídas todas as certezas

 

Não acharás palavra para o espanto

Tampouco o verbo fácil da beleza

 

Porém a concretagem fria

Quer ser absoluta engenharia

 

Que a humanidade ávida engendra

Em perfurar os tetos do planeta

 

Como se fossem todas baionetas

As construções agudas e idênticas

 

Qual avidez ascética e nociva

Imensidão de pedras sucessivas

 

A conclusão dos ciclos predatórios

Virá então como virão as páginas

 

Das profecias tensas inspiradas

– pois sobre o nada restará o mundo.

 

 

 

4

 

 

 

 

DE LA NATURALEZA

 

 

Detente y escucha el sonido de los edificios

Que en el silencioso hermetismo de la noche

 

Se levantan sin gritos sin falsos alardes

Pero avanzan  despacio en los vacíos

 

No como crecen los vegetales marinos

Ni las aéreas formas naturales

 

Estas no crecen pero tampoco arrojan

La circunspecta flor de las arboledas

 

Mira, no obstante, la pequeña riqueza

Que nos resta entre las orillas del mundo

 

Luego contempla el cielo de plomo

Que estremece y escupe la naturaleza

 

Atenta hacia los muros decididos

Que suben rectos en rápida precisión

 

Atenta hacia la vida simplemente

Encontrarás  rotos los caminos

 

Encontrarás deshechas las esquinas

Y diluidas todas las certezas

 

No hallarás palabra para el asombro

Tampoco el verbo fácil de la belleza

 

Sin embargo el frío concreto

Quiere ser magna ingeniería

 

Que la ávida humanidad engendra

En perforar los techos del planeta

 

Como si todas fuesen bayonetas

Las construcciones idénticas y afiladas

 

Cual avidez ascética y nociva

Inmensidad de piedras sucesivas

 

El término del os ciclos predatorios

Vendrá entonces como vendrás las páginas

 

De las profecías tensas inspiradas

– pues sobre la nada quedará el mundo.

 

 

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Denise Emmer e Iván Junqueira

 

 

 

 

O BEIJO

 

 

 

Levou-me sem feitas frases

Somente passo e camisa

Roubou-me um beijo de brisa

Na curvatura da tarde

 

Jogou-me contra a parede

Rasgou-me a blusa de linho

Roubou-me um beijo de vinho

Diante das aves vesgas

 

Puxou-me para seu fundo

Rompeu a rosa pirâmide

Roubou-me um beijo de sangue

E bateu asas no mundo.

 

 

 

EL BESO

 

 

 

Me llevó sin frases hechas

Solo movimiento y camisa

Me robó un beso de brisa

En la curvatura de la tarde

 

Me puso contra la pared

Me rasgó la blusa de lino

Me robó un beso de vino

Delante de las aves bizcas

 

Me empujó hacia su fondo

Rompió la rosa pirámide

Me robó un beso de sangre

Y batió alas en el mundo.

 

 

 

6 Denise Emmer con su nuevo libro

Denise Emmer con su nuevo libro

 

 

 

ESCULTURA

 

 

Esculpe-me o mundo

Esculpe-me

Como se

A uma pedra

Cada vez

Mais ponta

E fria

Cada vez

Mais lança

E funda

 

Aponta-me o mundo

Aponta-me

Como se

A um lápis

Fino

Cada vez

Mais cego

E cínico

Como

A escrita

De um sangue.

 

 

 

ESCULTURA

 

 

Me esculpe el mundo

Me esculpe

Como

A una piedra

Cada vez puntuda

Y fría

Cada vez

Más lanza

Y honda

 

Me apunta el mundo

Me apunta

Como si

A un lápiz

Fino

Cada vez

Más ciego

Y cínico

Como la escritura

De una sangre.

 

 

7

 

 

 

EVEREST

para Waldo Guimarães (em memória)

 

 

 

Lá,  onde chegam as últimas flautas

E esgotam-se os caminhos improváveis

É o fim dos cimos, seus estranhos afazeres

O final do homem e sua luta contra deuses

 

A atmosfera se cala como a tenebrosa bailarina

Que traz nas asas repentinas ventanias

Enquanto os picos gelados trocam suas frases

E o destemido Sherpa se transforma em ave

 

O adeus legítimo da última parada

De um trem absurdo a carregar o mundo

Para além das rotas depois das alcachofras

Quando as almas perdidas se transformam em outras

 

E mais além além de tudo que nem cabe

Dizer nesta paragem de verbos e vertigens

O que os montes me dizem sobre seus desígnios

Pois o que é silencio ficará comigo.

 

 

 

EVEREST

para Waldo Guimarães (a la memoria)

 

 

Allá, donde llegan las últimas flautas

Y terminan los caminos inciertos

Es el fin de las cimas, sus extraños quehaceres

El final del hombre y su lucha contra dioses

 

La atmósfera se calla como la temible bailarina

Que trae en las alas repentinos ventarrones

Mientras los picos helados cambian sus frases

Y el intrépido sherpa se transforma en ave

 

El adiós legítimo de la última parada

De un tren absurdo cargando el mundo

Más allá de la rutas después de las alcachofas

Cuando las almas perdidas se transforman en otras

 

Y más allá allá de todo que no es posible

Decir en este paraje de verbos y vértigos

Lo que los montes me dicen sobre sus designios

Pues que el silencio quedará conmigo.

 

 

 

8 Denise cantando en Casa das Rosas

Denise cantando en Casa das Rosas

 

O PRIMEIRO POEMA DE AGOSTO

 

 

O primeiro poema de agosto

Contém ventos

 

São cantares aéreos

Que não decifro o instrumento

 

Solista, o virtuose

Da orquestra de esculturas

 

Das nuvens naves escuras

Lá onde moram os rostos

 

Ora tristes, ora rijos

De reis e leões alados

 

Nos ventos mudam-se os quadros

Da mais alta escadaria

 

Dizer que é geometria

É jogar lá fora os lenços

 

Dos navios de onde abanam

Os passageiros do tempo.

 

 

 

EL PRIMER POEMA DE AGOSTO

 

 

El primer poema de agosto

Contiene vientos

 

Son cantares aéreos

De no sé qué instrumento

 

Solista, el virtuoso

De la orquesta de esculturas

 

De las nubes naves oscuras

Allá donde viven los rostros

 

Ora tristes, ora rígidos

De reyes y leones alados

 

En los vientos se cambian los marcos

De la más alta escalinata

 

Decir qué es geometría

Es jugar lejos de los pañuelos

 

De los navíos de donde agitan

Los pasajeros del tiempo.

 

 

 

9 Denise Emmer

  Denise Emmer

 

 

 

SINAL DE ALERTA

 

Faça a noite que faça

as fábricas soltam fumaça

e como avistar quem passa

através de um claro vidro?

 

Os operários levitam

seus espíritos vencidos

ao cume das chaminés;

que flutuam ente os telhados

marés de moços causados

qual uma cinza tristeza.

 

E esta pálida natureza

vai colorindo de morte

os jardins de nossos filhos

os fios de nossos pássaros.

 

E enquanto as mulheres abraçam

crianças de olhos fundos

vão se calando o mundo

como um velho homem com tosse.

 

Tão curvado e solitário

um moribundo canário

canta a manhã da cidade

que a todo dia reage.

 

 

 

SEÑAL DE ALERTA

 

Haga la noche que haga

las fábricas sueltan humos

¿cómo avistar a quien pasa

a través de un limpio vidrio?

 

Los trabajadores levitan

sus espíritus vencidos

a la cima de las chimeneas;

que fluctúan ante los tejados

mareas de jóvenes causados

cual una cenicienta tristeza.

 

 

Y esta pálida naturaleza 

va coloreando de muerte

los jardines de nuestros hijos

los hilos de nuestros pájaros.

 

Y mientras las mujeres abrazan

niños de ojos profundos

se va callando el mundo

como un viejo hombre con tos.

 

Tan curvado y solitario

un moribundo canario

canta la mañana de la ciudad

que a todo día reacciona.

 

 

 

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 11 A. P. Alencart y Álvaro Alves de Faría en el Centro de Estudios Brasileños de la Universidad de Salamanca (Foto de Jacqueline Alencar)

A. P. Alencart y Álvaro Alves de Faría en el Centro de Estudios Brasileños de la Universidad de Salamanca (Foto de Jacqueline Alencar)

 

 

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