TODAS LAS PATRIAS DE A. P. ALENCART. TRADUCCIÓN DE MARIA ADELAIDE NETO SALVADO

 

A. P. Alencart en su balcón junto al Tormes (foto de Judicael Mbella, filólogo y poeta gabonés, 2011)

 

 

 

“Crear en Salamanca” tiene la satisfacción de publicar el fragmento de una entrevista realizada al poeta Alfredo Pérez Alencart por la periodista venezolana Petruvska Simne, publicada originalmente en la Revista BCV Cultural, año 12, núm. 31, 2011 (Caracas, Venezuela). La selección del fragmento y la versión a la lengua de Camoes es obra de Maria Adelaide Neto Salvado, geógrafa e investigadora lusitana que eligió dicha pregunta y poema incluidos en la larga entrevista aparecida originalmente en Venezuela y recientemente incluida en el ‘Libro de las respuestas’(Betania, Madrid, 2020), 53 entrevistas a Pérez Alencart seleccionadas por poeta y traductora búlgara Violeta Boncheva. Aquí algunos datos de CV de Neto Salvado: Foi professora no Liceu Passos Manuel e no Liceu de Nuno Álvares de Castelo Branco. Docente da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Castelo Branco onde leccionou áreas da Geografia, da Didáctica e da Cultura, História e Geografia regionais. Entre 1978 e 1989 foi conservadora-ajudante do Museu de Francisco Tavares Proença Júnior de Castelo Branco. Sócia de algumas instituições científicas, recebeu, em 1987, o prémio monografia regional da Sociedade Histórica da Independência de Portugal pela obra, em co-autoria, Rei Wamba – Espaço e Memória. Co-organizou e participou como comunicante em vários colóquios e congressos nacionais e internacionais. É colaboradora da imprensa regional. Tem colaboração editada nas revistas Brotéria, Carmelo Lusitano, Estudos de Castelo Branco, Educere, Revista de Extremadura (Cáceres), entre outras. É coordenadora dos Cadernos de Cultura “Medicina na Beira Interior — da Pré-História ao séc. XXI” e faz parte do conselho editorial da revista de cultura Estudos de Castelo Branco.

A. P. Alencart y Maria Adelaide Neto Salvado (Toral de los Guzmanes, León, 2018. Foto de Jacqueline Alencar)

 

Entre os seus trabalhos editados destacam-se os seguintes títulos: Os Avieiros nos finais da década de cinquenta (1985), O espaço e o sagrado em S. Pedro de Vir-a-Corça (1993), O culto do Espírito Santo em terras da Beira Baixa (1997), A confraria de Nossa Senhora do Rosário de Castelo Branco — Espelho de quereres e sentires (1998), O Jardim do Paço de Castelo Branco: roteiro de uma vista de estudo (1999), Remoinhos, ventos e tempos da Beira (Org.) (2000), Nossa Senhora do Carmo nas Alminhas da Beira Baixa (2001) Nossa Senhora da Azenha a Luz da Raia (2001), O Colégio de S. Fiel (2001), Elementos para a História da Misericórdia de Monsanto (2001), Em nome do Amor… José Pina e Maribela um caso de amor e morte em Sarnadas de Ródão no início do século XX (2001), A Misericórdia de Medelim. Apontamentos e lembranças para a sua história (2002), A procissão do Corpo de Deus de Castelo Branco. Religião e poder político (2003), O Horto de Amato Lusitano (em co-autoria) (2004), A capela do Espírito Santo de Castelo Branco. Elementos para o seu conhecimento (2005), Casa da Infância e Juventude de Castelo Branco — Rumos educativos 1866-2006 (2006), A anunciação à Virgem Maria na religiosidade popular do Interior da Beira (2011), Santa Teresa de Ávila: homenagem à mulher, poeta mística e reformadora (2016), Álvaro Canelas, 1901-1953: um artista Albicastrense cidadão do mundo (2018).

 

Publicamos primero la versión en portugués, y luego en castellano.

Portada Libro de las Respuestas

 

 

A. P. Alencart por el río Manu (Amazonía peruana, 1992). Foto de Rafael Salhuana)

 

 

“ONDE TE SENTES MAIS ESTRANGEIRO,

EM ESPANHA OU NO PERÚ?”

 

 

Com um notável prefácio de Juan Carlos Martín Cobano, a Editorial Betânia de Madrid, publicou uma antologia, organizada pela poeta e professora búlgara Violeta Bocheva, que reúne 53 entrevistas concedidas  entre  2011  e  2019,  pelo poeta e Professor da Universidade de Salamanca, Alfredo Perez Alencart a órgãos de comunicação de várias nacionalidades.

 

Entrevista de Petruska Simne publicada em 2011 no nº31da Revista BCV Cultural de Caracas, Venezuela.

 

Á pergunta respondeu Alfredo Pérez Alencart:

 

«Ainda que não esqueça essa sentença do Génesis, de que errante e estrangeiro seremos nós na Terra, referenciada por Horácio séculos depois, quando referiu que estejas onde estejas onde estejas és um estrangeiro e um peregrino, devo testemunhar que em nenhuma destas duas pátrias assinaladas me sinto estrangeiro. E isto deve-se a que sou um pirata; entenda-se dos bons. Desfraldo a bandeira da harmonia antes de cruzar a fronteira. Explico-me. Acontece que, em relação aos meus antepassados paternos, o meu avô era das Astúrias, de uma aldeia chamada Cabañaquinta. Ali e noutros lugares do Principado tenho ainda muitos parentes. A minha avó era dos Troncoso, da Galiza.

 

No Perú sou de uma região selvagem chamada Madre de Deus, – fronteiriça com o Brasil e a Bolívia.

 

Na capital da minha região fizeram-me várias homenagens, entre elas o de me considerarem Filho Predilecto. Em Espanha fizeram-me espanhol e professor da quase oito vezes centenária Universidade de Salamanca. Sou um privilegiado, sei-o, e isto digo-o com humildade.

 

Porém aqui não acaba a minha condição de pirata. Para os amigos brasileiros, sou mais um deles, pois o meu avô materno era do Ceará, no nordeste brasileiro. Em Portugal encontrei a povoação donde provavelmente saíram os primeiros Alencar. É uma povoação chamada Alenquer, perto de Lisboa e do Tejo. Em Coimbra agora estão terminando a edição de um meu livro inédito, intitulado Margens de um mundo ou mosaico lusitano. Sairá só em português, traduzido pelo notável poeta António Salvado. São textos que escrevi durante mais de três lustros de me aventurar nas paisagens e na alma desse pequeno- grande país da Ibéria. E como estou casado com uma boliviana, também quando estou nessa terra sinto-me como em casa. Finalmente, devido a que não saí da minha primeira pátria por questões económicas ou políticas, não tive as normais quebras de ânimo de muitos os que o fazem por necessidade. Os meus pais estão felizes sabendo-me em Espanha, e sabendo que o seu neto nasceu nesta terra, clara demonstração das nossas torna-viagens, de geração em geração. Este meu «Duplo mundo» faz com que em Espanha defenda com veemência os latino-americanos, e na América defenda com fervor os espanhóis. E isto acontece deste mundo porque, como bem diz Rúben Dario: «Sou um filho da América. Sou um neto de Espanha».

A. P. Alencart en el Puente Romano de Salamanca (2020. foto de Jacqueline Alencar)

 

 

TODAS AS PÁTRIAS

 

Examino os meus genes para falar das pátrias

que foram colocando a sua preciosa carga

no mapa enérgico do peito que levo

com a viva voz de quem com força ama.

 

Em mim não poderão reconhecer o extraviado,

pois a minha deriva procura agasalhar os solos

que os meus antepassados foram alimentando

com adubo para que o meu coração nascesse.

 

Esta pátria pertence-me, e a outra também,

porque não reconheço diferentes os caminhos

e envergonho-me quando me pedem papéis

que já atirei como esmola às fogueiras.

 

Nos meus passos está a minha pátria no mundo

as minhas entoações sabem falar aos outros.

Sou o relâmpago que se torna infinito

para alumiar o céu de todas as pátrias.

 

A. P. Alencart en la Biblioteca Histórica de la Universidad de Salamanca (foto de Daniel Mordzinski, 2002)

 

“¿DÓNDE TE SIENTES MÁS EXTRANJERO,

EN ESPAÑA O EN PERÚ?”

 

“Aunque no olvido esa sentencia del Génesis, de que errante y extranjero seremos en la tierra, refrendada por Horacio siglos después, cuando anotó que estés donde estés eres un extranjero y un peregrino, yo debo testificar que en ninguna de estas dos patrias señaladas me siento extranjero. Y esto se debe a que soy un pirata; entiéndase que de los buenos. Saco la bandera de conveniencia antes de cruzar la frontera. Me explico. Coincide que, en cuanto a los ancestros paternos, mi abuelo era de Asturias, de un pueblo en las montañas llamado Cabañaquinta. Allí y en otros lugares del Principado aún tengo muchos parientes. Mi abuela era de los Troncoso, de Galicia. En Perú, soy de una región selvática llamada Madre de Dios, fronteriza con Brasil y Bolivia. En la capital de mi región me han hecho varios homenajes, entre ellos el de considerarme Hijo Predilecto. En España me han hecho español y profesor de la casi ocho veces centenaria Universidad de Salamanca. Soy un privilegiado, lo sé, y esto lo digo con humildad.

 

Pero ahí no queda mi condición de pirata. Para los amigos brasileños, soy uno más de ellos, pues mi abuelo materno era de Ceará, del nordeste brasileño. Mi Alencar viene de allí y tiene como figura señera a José de Alencar, notable novelista del romanticismo brasileño. En Portugal he encontrado el pueblo de donde es probable que salieran los primeros Alencar. Es un pueblo llamado Alenquer, cerca de Lisboa y del río Tajo. En Coimbra ahora están terminando la edición de un libro inédito mío, titulado Márgenes de un mundo o mosaico lusitano. Saldrá sólo en portugués, traducido por el notable poeta António Salvado. Son textos que he escrito durante más de tres lustros de adentrarme en los paisajes y en el alma de ese pequeño-grande país de Iberia. Y como estoy casado con boliviana, también cuando estoy en esa tierra me siento como en casa.

 

En definitiva, debido a que no salí de mi primera patria por cuestiones económicas o políticas, no he tenido los lógicos bajones de ánimo de muchos que lo hacen por necesidad. Mis padres son felices sabiéndome en España, y sabiendo que su nieto ha nacido en esta tierra, clara muestra de nuestros tornaviajes, de generación en generación. Este ‘Doblemundo’ mío hace que en España defienda con vehemencia a los latinoamericanos, y que en América defienda con fervor a los españoles. Y esto es así porque, como bien decía Rubén Darío, “Soy un hijo de América. Soy un nieto de España”.

 

 

 

TODAS LAS PATRIAS

 

 

Cierno mis genes para hallar las patrias

que fueron colocando su preciosa carga

en el mapa enérgico del pecho que llevo

con la viva paz de quien ama con fuerza.

 

En mí no podrán reconocer al extraviado,

pues mi deriva busca agasajar los suelos

que fueron nutriendo a los antepasados

como abono para que mi corazón naciera.

 

Esta patria me pertenece, y la otra también,

porque no reconozco los caminos distintos

y me avergüenzo cuando me piden papeles

que ya arrojé como limosna a las hogueras.

 

En mis pasos está mi patria del momento;

en mis acentos sabrán hallar a las demás.

 

Soy el relámpago que se vuelve infinito

para alumbrar el cielo de todas mis patrias.

 

 

 

José Alfredo, Miluska, Rosa, Alfredo hijo, Alfredo padre y Jacqueline (Puerto Maldonado, 2014. Foto de Beto Macedo)

 

Adelaide, António, Diana, Pedro y Helena Salvado (Castelo Branco, 2019. Foto de Jacqueline Alencar)

Aún no hay ningún comentario.

Deja un comentario