‘PÉRDIDAS’ Y OTROS POEMAS DEL PORTUGUÉS LUIS CASTRO MENDES, LEÍDOS EN CASTELO BRANCO. VERSIONES DE A. P. ALENCART

 

Luis Castro Mendes (foto de José Amador Martín)

 

 Crear en Salamanca está publicando los versos de los poetas convocados al II ENCUENTRO ROIZ (LUGARES DE POESÍA), celebrado el 23 y 14 de julio en la ciudad lusitana de Castelo Branco. Este evento, organizado por la Junta de Freguesia de Castelo Branco, presidida por Leopoldo Rodrigues, se realiza con periodicidad bienal y se complementa con la entrega del Premio Internacional de Poesía António Salvado – Ciudad de Castelo Branco. Los poetas portugueses que estuvieron invitados fueron Maria de Lourdes Barata, Leocádia Regalo, Sara Costa, Maria José Quintela, Antonio Teixeira e Castro, Pompeu Martins, Joaquim Colôa, Carlos D’Abreu, Manuel Costa Alves, José Pires, Luís Filipe Castro Mendes, João Rasteiro y Artur Coimbra. Por su parte, los poetas salmantinos o vinculados con Salamanca son: José Amador Martín, José Alfredo Pérez Alencar, Tomás Acosta Pires, Aída Acosta, Juan Carlos Martín y A. P. Alencart. También estuvieron presentes los galardonados en idioma portugués: el Fernando Fitas (Premio) y Renato Filipe Cardoso (Mención de Honor). Por vía online leyeron sus poemas el venezolano Ernesto Román Orozco, ganador en lengua española, y la argentina María Chemes, accésit.

El poeta Luis Castro Mendes leyendo en Castelo Branco (foto de José Amador Martín)

 

Poeta português, diplomata de carreira, Luís Filipe Castro Mendes nasceu em 1950 e, ainda muito jovem, entre 1965 e 1967, foi colaborador do jornal Diário de Lisboa-Juvenil. Em 1974, licenciou-se em Direito pela Universidade de Lisboa. Teve atividade política militante antes do 25 de abril, no movimento estudantil antifascista. Foi nomeadamente cônsul geral no Rio de Janeiro, embaixador de Portugal em Budapeste, Nova Deli, UNESCO-Paris e finalmente junto do Conselho da Europa em Estrasburgo. Foi Ministro da Cultura entre 2016 e 2018. Publica o seu primeiro livro de poesia, Recados, em 1983, a que se seguiram Seis Elegias e Outros Poemas (1985), galardoado com o prémio da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, A Ilha dos Mortos (1991), que teve o prémio de poesia do PEN Club, O Jogo de Fazer Versos (1994), que teve o Prémio D Diniz, Modos de música (1996) e Outras Canções (1998). Em 1999 publica em Portugal e no Brasil a primeira coletânea dos seus poemas (Poesia Reunida). De 2001 é o livro Os Dias Inventados e em 2011 publica Lendas da Índia (Prémio António Quadros, da fundação com o mesmo nome), em 2014, A Misericórdia dos Mercados e em 2016 Outro Ulisses regressa a casa. Em 2018 publica uma nova coletânea dos seus Poemas Reunidos, que teve o Prémio Teixeira de Pascoaes da Associação Portuguesa de Escritores em 2020. Em 2021 publicou um novo livro, Voltar

 

 

 

PÉRDIDAS

 

A las memorias de A.F. y T.M.

 

The art of losing

isn’t hard to master

(Elizabeth Bishop)

 

 No es difícil, no. Nuestra respiración remarca el vacío

y llena de vida todo de los estamos hechos.

La calle se ilumina lentamente

y deja que vislumbremos la nitidez de las cosas.

No es difícil. Lo que perdemos

perdura en la memoria, nos dicen. Pero la memoria es fantasía

y sueño diluido en la indecisión de las cosas.

Los poetas odian la imprecisión,

por eso a la memoria solo saben transformarla

en palabras de cristal o frases rudas para destapar la vida.

La muerte no está fuera de la vida, como quería el filósofo*.

Ella vive en las palabras que cristalizan la memoria

sobre la piedra en la cual volvemos a nuestros sueños.

 

*Wittgenstein, Death is not in life

 

 

PERDAS

 

Às memórias de A.F. e T.M.

 

The art of losing

isn’t hard to master

(Elizabeth Bishop)

 

 

Não é difícil, não. A nossa respiração contorna o vazio

e inunda de vida tudo de que somos feitos.

A rua ilumina-se devagar

e perfila para nós a nitidez das coisas.

Não é difícil. O que perdemos

dura na memória, dizem-nos. Mas a memória é fantasia,

é sonho diluído na indecisão das coisas.

Os poetas odeiam a imprecisão,

por isso a memória só sabem transformá-la

 

em palavras de cristal ou frases rudes para destapar a vida.

A morte não está fora da vida, como queria o filósofo*.

Ela vive nas palavras que cristalizam a memória

sobre a pedra em que tornámos os nossos sonhos.

 

*Wittgenstein, Death is not in life

 

 

Los poetas Luis Castro Mendes y António Salvado (foto de José Amador Martín)

 

 

POETA A LOS SETENTA ANOS

 

Un gesto al que asomase algún amor

o una mirada solidaria de viejo camarada:

ni ellos podrían ya infectar de vida insolente

el desierto de los días que se mueven detrás de las altas ventanas

o dentro de los subterráneos.

 

Nadie más viene al balcón para cantar obstinadamente

lo que duele en nuestras voces y duerme en nuestras venas.

Las campanas siguen tocando en los días oscuros y claros

sobre calles desiertas o solo atravesadas con temor, puerta a puerta,

vida escondiéndose de vivir.

 

Por la noche alguien escribe, pero sabe que no lo hace para él

ni para los lectores que perdió en otros tiempos.

Que un rostro asome a la ventana, que un verso se pierda en la calle,

que nuestro orgullo de vivir pueda durar más allá de nuestras vidas.

 

 

POETA AOS SETENTA ANOS

 

Um gesto a que assomasse algum amor

ou um olhar solidário de velho camarada:

nem eles poderiam já infetar de vida insolente

o deserto dos dias que se movem por detrás das altas janelas

ou por dentro dos subterrâneos.

 

Ninguém mais vem para a varanda cantar teimosamente

o que dói nas nossas vozes e dorme nas nossas veias.

Os sinos continuam a tocar nos dias escuros e claros

sobre ruas desertas ou só atravessadas a medo, porta a porta,

vida a esconder-se de viver.

 

Pela noite alguém escreve, mas sabe que não escreve para si

nem para os leitores que perdeu noutras idades.

Que um rosto assome à janela, que um verso se perca na rua,

que o nosso orgulho de viver possa durar para além das nossas vidas.

 

 

 

El poeta Luis Castro Mendes, en otra lectura (foto de José Amador Martín)

 

 

AL RECIÉN NACIDO

 

 

Para Alexandra y para Clara

 

 El ojo que ves no es

  ojo porque tú lo veas

  es ojo porque te ve

(ANTONIO MACHADO,

Proverbios y cantares)

 

Sal de mí y de ti, atrévete al desierto,

al espacio sideral más allá de las atmosferas.

No mires hacia atrás, mira solo el abierto

cielo que se despliega más allá de las esferas

 

y adivina el rostro, la mirada que te mira,

toca con tus manos y sonrisa que ves

y no busques solo aquello que consuela,

no mires hacia atrás, no ocultes lo que ves.

 

Sal de mí y de ti: atrévete a lo abierto,

más allá de los siete cielos y lejos de los paisajes

donde solo tú empiezas y el rostro está cerca

 

de traer a lo que ves las dispersas imágenes.

Y lejos del desierto y de cualquier lugar

de la mirada que te mira nace tu propio mirar.

 

(Versión libre)

 

 

AO RECÉM NASCIDO

 

 

Para a Alexandra e para a Clara

 El ojo que ves no es

  ojo porque tú lo veas

  es ojo porque te ve

(ANTONIO MACHADO,

Proverbios y cantares)

 

Sai de mim e de ti: atreve-te ao deserto,

ao espaço sideral além das atmosferas.

Não olhes para trás, olha só o aberto

céu que se desenrola para lá das esferas

 

e adivinha o rosto, o olhar que te olha,

toca com tuas mãos o sorriso que vês HU

e não procures só aquilo que consola,

não olhes para trás, não escondas o que vês.

 

Sai de mim e de ti: atreve-te ao aberto,

além dos sete céus e longe das paisagens,

onde só tu começas e o rosto está perto

 

de trazer ao que vês as dispersas imagens.

E longe do deserto e de qualquer lugar

do olhar que te olha nasce o teu olhar.

Pedro Salvado, Luis Castro Mendes y Alfredo Pérez Alencart (foto de José Amador Martín)

 

Algunos de los poetas invitados al II Encuentro ROIZ

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Aún no hay ningún comentario.

Deja un comentario